Era um lenço branco delicado
Tinha o teu nome bordado
Guardava-o junto ao peito destroçado
Depois de me teres deixado
O vento levou-mo de repente da mão
Quis roubar-me mais o pouco de coração
Mas nem um minuto hesitei então
Em correr atrás do lenço que nunca tocou o chão
Percorri toda a fria e triste cidade
Onde ninguém faz nenhuma caridade
Mas corri, corri a toda a velocidade
Atrás do lenço como uma verdadeira preciosidade
Então o teu lenço branco bordado
Ficou preso num velho galho entortado
Daquela árvore cuja altura deixa qualquer um atordoado
Mas que trepei até ao topo, mesmo desajeitado
Lá em cima da grande árvore adorada
Ao ver a mais bela e clara alvorada
Lembrei-me daquela manhã encantada
Em que te conheci e não quis saber de mais nada
Na copa daquela árvore percebi então
Que o teu lenço branco na minha mão
Era só uma pequena e terna recordação
Pois afinal não te perdi, eras o meu mundo, o meu coração
Rita Micaelo Silva
Agosto, 2022
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