Após um período particularmente controverso e doloroso, eu e a minha mãe decidimos fazer uma semana de termas, para recarregar energias.
Fomos então para o Hotel das Termas da Curia.
Nunca tínhamos feito termas e confesso que não estava lá muito entusiasmada, porque tinha uma ideia errada daquilo que são as termas. Pensava
encontrar o género de uma clínica onde todos se queixam das suas maleitas, mas
afinal é completamente diferente. Ou melhor, é tudo menos isso.
Aliás aquilo que me convenceu a deixar o meu querido quintal
por sete dias foi precisamente o magnífico parque cheio de árvores centenárias.
O que eu não sabia era que o hotel ficava mesmo dentro do imenso parque.
Logo no almoço bufete, bastante diversificado, saboroso e
saudável, com excelentes pratos de chef (ainda mais sofisticados ao jantar, mas
sempre equilibrados), conheci a imensa variedade de pessoas que frequentam
aquele paraíso, desde bebés a idosos, a conviverem harmoniosamente, como se de
uma grande família se tratasse.
Sim, não é habitual que haja tanto convívio nos hotéis,
aliás eu até nem gosto de hotéis e nunca me senti tão em casa como no Hotel das
Termas da Curia.
Há muito que me sentia tão mimada por desconhecidos, parecia
até que era uma princesa, com quem quase todos quiseram meter conversa e trocar
contatos. (Para todos um grato abraço)
Desta forma, os “desconhecidos” tornaram-se rapidamente bons
amigos que fizeram com que a nossa estadia naquele paraíso, onde reina a doce
paz da luxuriante natureza, fosse ainda mais mágica, inesquecível, inspiradora,
enriquecedora e, sobretudo, rejuvenescedora.
Para além de relaxar, também aprendi muito, com as pessoas fantásticas que fui conhecendo, cada uma com as suas interessantes histórias. A primeira inesquecível surpresa aconteceu logo que cheguei ao hotel, quando a querida D.ª Judite, uma senhora de 97 anos, a quem o AVC não lhe levou a música da memória, nos presenteou com lindíssimos acordes de Beethoven e Chopin. A D.ª Judite foi, então, a primeira fadinha que conheci, com os seus lindos olhos azuis, naquele hotel paradisíaco.
No entanto, o paraíso entende-se para além da muralha, pois
a população do pequeno lugar da Curia é igualmente hospitaleira e calorosa. Não
são muitas as pessoas que se veem pelas ruas, bem cuidadas, com boas
acessibilidades e sempre, sempre cheias de vegetação, mas o certo é que toda a
gente se cumprimenta com um sorriso, mesmo que não se conheçam.
Confirmei então a minha teoria de que os bons ares da natureza
fazem com todos vivam mais saudáveis, mais calmamente e, naquele lugar, não há
pressas para nada, o tempo passa tranquilamente, ninguém sofre de stress e,
talvez por isso, as pessoas sejam mais humanas e afáveis. Viver em sintonia com
a natureza é a chave para viver melhor.
Já para não falar do poder das águas termais que, aliado aos
vários tratamentos feitos por excelentes profissionais incansavelmente
dedicados aos seus utentes, tão bem faz ao corpo e à alma.
Pelo menos eu saí de lá muito mais leve, sem as contraturas
que me punham as costas curvadas e doridas. Foram tratamentos intensos, que me
deixaram toda partida, mas que agora revelam excelentes resultados. Para além
das melhoras físicas, esta estadia fez também com que eu me sinta muito mais
relaxada, tranquila, com outra energia para enfrentar os problemas (que
anteriormente me pareciam megalómanos) e sobretudo com uma nova esperança na
humanidade, graças às lindas “fadas” e “duendes” em figura de gente que lá conheci.
Tão boa foi a experiência na Curia, que a minha mãe até quer
ir para lá viver e eu fiquei triste por me vir embora, coisa que nunca
aconteceu em férias nenhumas. E o mais engraçado, é que os funcionários do
hotel e das termas também se despediram de nós com uma lágrima ao canto do
olho, de tão ligados estavam às Ritas.
Nas termas da Curia ganhamos não só saúde física e mental, mas também uma nova família de amigos que nos deram tudo o que há muito precisávamos. Foi como mergulhar num belo mundo encantado, cheio de paz e boa gente. É indubitavelmente uma estadia que recomendo, pelo menos uma vez por ano, para relaxar e repor energia, sozinho ou em família.
Gostei de regressar a casa e ver que, no querido quintal, as
plantas cresceram e floresceram, mas a vontade de voltar ao paraíso encantado
do Hotel das Termas da Curia é mesmo muito grande.
Tanta é a vontade de volta de estar no paraíso, que regressei à Curia, para festejar o meu aniversário, onde fui novamente recebida com muitos mimos e ainda tive direito a bolo e champanhe, completando-se festa, com a ajuda do S. Pedro que nos deu um tempo maravilhoso para banhos de piscina, para além dos deliciosos tratamentos termais
Por isso, envio, aos amigos da Curia, um terno abraço e um
até breve.
Rita Micaelo Silva
Agosto, 2022
Fotografias de Rita Maria C Micaelo Silva
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