quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Retrato das minhas árvores

 

Partilho convosco um excerto do meu conto “Os três irmãos duendes”, que escrevi em 2023, onde falo do meu quintal, juntando os retratos das minhas árvores, também feitos por mim, a aguarela digital.  

 

“- Uau, que jardim mais lindo! – encantou-se a Rosa Vaidosa.

- Até parece o nosso bosque encantado! -  disse o Nariz-Gelado.

Ao ver o pequeno quintal da Ritinha, entre muros e feios prédios, de repente, o duende percebeu que, afinal, havia sítios em que a natureza precisava de ser cuidada e protegida, sobretudo na cidade, onde praticamente não há árvores. O duende sentiu que a Natureza estava em risco, pois para construírem tantos edifícios destruíam vastas áreas verdes. Aí, começou a sentir que talvez pudesse fazer alguma coisa para alertar os humanos, pois se não os travasse, qualquer dia até o seu bosque desapareceria!

O seu coração ficou triste e aflito, perdendo todo o entusiasmo pelas “experiências mágicas” (ou melhor, pelas invenções tecnológicas) dos humanos, que punham em risco a Mãe Natureza.

- É maravilhoso, não é? – aproximou-se a Ritinha – É pequenino, mas, para mim, é o maior e o mais belo quintal do mundo!

- Que árvores tão amorosas e que flores tão delicadas! – disse a Rosa Gulosa.

- As minhas queridas amigas árvores são fantásticas e cada uma tem o seu nome. Venham conhecê-las! – convidou a menina, levando, cheia de entusiasmo, os duendes até ao quintal.

Satisfeitos por pisaram a fofa relva verde, os duendes seguiram a sua nova amiguinha, numa apaixonante visita guiada.

- Esta é a ameixoeira Frufru, que dá as melhores ameixas do planeta! - apresentou a Ritinha, cheia de ternura - Chamei-lhe Frufru por me fazer lembrar a forma das saias volumosas das damas antigas, que deveriam fazer frufrufru, quando elas andavam dum lado para o outro. Ali, junto ao muro, estão os araçazeiros, que dão um fruto delicioso, chamado araçá. Na verdade, era só um arbusto que era maior do que todas as restantes árvores, por isso chamei-lhe Gigante. Agora são vários Gigantes cheios de bolinhas amarelas, que parecem guizinhos de Natal. Este aqui é o limoeiro Pirolito que, no início, tinha preguiça de crescer e dar limões, mas agora, já está bem crescido e sempre carregadinho. Ali, a maior árvore do quintal, é o pessegueiro Grandalhão, que dá os melhores pêssegos do mundo! E por fim a D. ª Ginjeira, que nunca se esquece de dar frutos, ao contrário da Princesa Cerejeira que está tão preocupada com a beleza e elegância, que até se esquece de dar as suas deliciosas cerejas amarelas!

- Adoro as tuas flores, são todas tão lindas! - admirou a Rosa Vaidosa - Olha só para aqueles brincos-de-princesa, até me apetecia pendurá-los nas orelhas.

- Vieram do jardim da minha avó, assim como as rosas, as sardinheiras, as hortênsias, os jarros brancos, entre muitas outras plantas que adoro. Algumas das plantas também foram oferecidas por vizinhos e amigos queridos.

- Olha ali, um pimenteiro e morangueiros! - entusiasmou-se a Rosa Gulosa – Sou perdidamente apaixonada por morangos!

- Também tenho amoras, que os passarinhos tanto gostam. – disse a Ritinha -   Ai, ai... Este é mesmo o meu quintal encantado onde passo momentos mágicos e aprendo coisas fantásticas sobre a Natureza. Sempre que cá venho faço amigos novos, desde passarinhos, borboletas, libelinhas, joaninhas, bichinhos-da-conta, caracóis comilões, gatos vadios atrevidos, entre outros animais extraordinários. A minha família cresce de cada vez que faço um amigo novo e o meu coração fica ainda mais feliz!

- É tão bonito ver o teu amor pelos animais e plantas - disse o Nariz-Gelado - Apesar de pouco conhecer os humanos, já percebi que eles pouco olham para a Natureza. Nós, os duendes, não conseguimos viver sem a Natureza. Ela é nossa mãe e, por isso amamos e respeitamos todos os seus seres-vivos, sejam animais ou plantas, cada qual com o seu coração, e, como disseste, fazem todos parte da nossa grande família.

- Exatamente, eu também penso assim.  Infelizmente muitas pessoas só sabem destruir a Natureza em troca de dinheiro e luxos. Talvez por isso goste tanto de duendes, fadas, e outras criaturas mágicas que habitam na Natureza.

- Querida Ritinha, és uma humana com um lindo coração verde de duende, que ama a Mãe Natureza.  – disse a Rosa Vaidosa.”

in "Os três irmãos duendes", Rita Micaelo Silva, 2023






O passarinho do meu quintal 


 Um poema em homenagem a uma pardalita com quem fiz amizade no verão de 2023.




E se o mar me levasse

 

 

E se o mar me levasse

Num barquinho à vela

Talvez o mundo atravessasse

E viria tanta vida bela

 

E se o mar me levasse

A galopar nas suas ondas

Talvez ao vento gritasse

Onde estás? Por onde andas?

 

E se o mar me levasse

Aos velhos tempos já idos

Eu talvez desvendasse

Alguns mistérios perdidos

 

E se o mar me levasse

Nos seus braços de espuma

Eu talvez me livrasse

De tão escura bruma

 

E se o mar me levasse

Ao meu doce coração

Eu talvez me inspirasse

Para uma nova canção

 

E se o mar me levasse

Ai, e se o mar me levasse...

 

Rita Micaelo Silva

Novembro de 2024

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Rosa Velhinha


Rosa velha rosinha  

Rosa muito velhinha

Na minha jarra se aninha

Com postura de rainha

 

Era nova quando a colhi

Lá no meu quintal feliz

O vento malandro petiz

Não ma levou por um triz

 

A rosa meu coração acarinha

Mesmo com folhas enroladinhas

E as pétalas bem velhinhas

Que já não atraem abelhinhas

 

É memória dos meus avós

Que já mesmo sem voz

Nunca me deixam só

Quando a vida não tem dó

 

Rita Micaelo Silva

Abril, 2024

segunda-feira, 10 de junho de 2024

domingo, 28 de abril de 2024

Mãe onde estás? Vem comigo!” e "Liberdade" - duas novas publicações da minha autoria em antologias

 


A prosa "Mãe onde estás? Vem comigo!” e o poema "Viva a Liberdade! ", ambos da minha autoria, foram selecionados e integram o tomo II das antologias “Minha Mãe” vol. I e " Liberdade"  vol. III, editadas pela Chiado Books, em abril de 2024.


“Mãe onde estás? Vem comigo!” é uma humilde homenagem que faço às mães, em especial a minha -  Mãe Rita -, mas também aquela que tantas vezes esquecemos, negligenciamos e sem a qual não vivemos: a Grande Mãe Natureza.   


As obras estão disponíveis nas livrarias e na própria Chiado Books. 

"Minha Mãe" - https://www.atlanticbookshop.pt/poesia/minha-mae-vol-i-tomo-ii

"Liberdade" Vol. III -  https://www.atlanticbookshop.pt/poesia/liberdade-vol-iii-tomo-ii


Agradeço a o oportunidade dada pela Chiado Books e à professora Eduarda Pinheiro que fez a revisão dos dois  trabalhos. 

Mãe, onde estás? Vem comigo!

de Rita Micaelo Silva

 

- Mãe, onde estás?

- Estou aqui, filha. Sabes onde estou. 

- Não te vejo, Mãe...  Estás escondida? 

- Escondida?!  Claro que não, porque me haveria de esconder?!  Estou ao pé de ti!  Não te iludas com o que vês. Usa o olhar sincero do teu coração e logo me verás.

Instantes depois... 

- Mãe! Tão linda estás! Esplendorosamente vestida com diversificadíssimas paisagens e formas de vida, que alimentas com as tuas lágrimas! Olha só esse véu azul, adornado de estrelas e astros, sobre o teu cabelo de floresta! O teu olhar dourado é um misterioso deserto e, dos teus lábios, os ventos trazem-me histórias e sabedoria. Grandiosa Mãe, sinto-me minúscula, mas ao mesmo tempo, tão amada e protegida, quando me embalas nos braços, embrulhada em ternura, onde sonho com tantas maravilhas! Quando eu for grande quero ser igualzinha a ti, Mãe!  

- Minha querida, sê simplesmente tu. 

- Desculpa ter-te magoado, desiludido e não ter cuidado de ti como merecias... 

- Ora, ninguém é perfeito, filha, todos erram. Até eu erro tantas vezes… És apenas uma criança e, como ninguém nasce ensinado, tens ainda muito que aprender. Contudo, para mim, sempre foste e serás perfeita, tal como és. 

- Obrigada, Mãe, por tudo o que me tens dado... Nem sei como te agradecer...  

- O amor não se agradece, filha adorada, recebe-se e retribui-se, quando é possível.  Nada é mais gratificante para mim do que ver-te feliz. 

- Mãe, tenho de continuar o meu caminho, dás-me a tua mão? Vem comigo! Por favor, não me deixes sozinha, nesta complexa jornada...  

- Se fazes parte de mim, como poderia deixar-te só?! Sê corajosa, criativa e honesta, sobretudo contigo própria.

Jamais permitas que o medo te impeça de seguires os teus sonhos!!!


Viva a liberdade

de Rita Micaelo Silva

 

Podem tirar-me a luz 

Podem-me amordaçar 

Podem-me até prender

Num sítio qualquer 

Mas enquanto tiver forças 

Nas asas do pensamento

Para longe voarei

E pelo caminho semearei

Sementes de esperança 

Para que um dia floresça

Um mundo mais justo e livre 

E aí, bem lá do alto 

Aos quatro ventos, gritarei 

VIVA, VIVA A LIBERDADE! 



sábado, 9 de março de 2024

“Andar a romper limites” - documentário

 


O Dia Mundial da Mulher foi ontem, mas como todos os dias devem ser de toda a gente, partilho hoje, um documentário que, em 2004, fizeram sobre mim.

“Andar a romper limites” é um episódio premiado internacionalmente, que integra uma série documental – “Andar com as próprias pernas” – produzida por uma parceria entre universidades de três países, Portugal, Brasil e Peru.

Entretanto, terminei o Mestrado em 2010 e trabalho há quatorze anos, três como Provedora do Cidadão com Deficiência e onze como Técnica Superior de Som e Imagem, na Função Pública.

Contudo, em pleno século XXI, tal como tantos outros, continuo e sofrer discriminação e a ver-me privada de muitos direitos básicos, só por ser mulher e ter uma deficiência. Por isso é urgente a construção de uma sociedade sem rótulos, onde todos sejam tratados simplesmente como SERES HUMANOS, permitindo-lhe uma vida digna, com LIBERDADE e IGUALDADE.

Da minha parte continuarei a tentar romper limites.

Agradeço a quem me tem ajudado neste já longo em complexo caminho, desejando a todos as maiores felicidades.

E agora, divirtam-se, com as minhas cantorias e traquinices denunciadas no referido documentário.  

http://lugardoreal.com/video/andar-a-romper-limites-rita

domingo, 28 de janeiro de 2024

Um crocodilo na praia de Matosinhos

João Carlos é o autor da magnífica escultura de areia feita no areal da praia do Titã, em Matosinhos. 

Trata-se de um crocodilo com cerca de quatro metros, olhos feitos com limões, dentes de concha, garras de mexilhão e o sombreado é feito com carvão natural. 

Extremamente realista, o crocodilo deslumbrou os passeantes, que usufruíam do bom tempo de domingo, na marginal de Matosinhos, chegando inclusivamente quem o confundisse com um animal verdadeiro.  

Segundo o escultor, a efémera obra em areia, demorou cerca de dois dias a ser concluída. Mencionou também que areia fina do areal de Matosinhos apresenta as características ideais para esse tipo de construção. 

João Carlos não tem resistência fixa, vai percorrendo os areais e, tal como os artistas de rua, vai vivendo das gratificações de quem para a apreciar a sua obra. 

Um talento nato que merece ser aplaudido, apoiado e aproveitado, sobretudo pelas autarquias, uma vez que se trata de um excelente exemplo de arte ecológica, e uma bela atração turística, sobretudo ao fim de semana e na altura do verão.  


Rita Micaelo Silva, 28/01/2024

Fotografias de João Carlos e Rita Micaelo


domingo, 17 de dezembro de 2023

Boas Festas!

 

Que neste Natal haja paz, amor e mais respeito pela Natureza! 




sábado, 30 de setembro de 2023

Guitarra sem cordas


Tenho uma guitarra no fundo da sala 

Que já não toca nem fala

Chora hora após hora

Pelos bons tempos de outrora 

 

Ó velha guitarra sem cordas

Sei quanto doí o que recordas

Sei que sonhas mas sabes bem

Que o teu guitarrista já não vem

 

Ó velha guitarra sem cordas

Já com mais nada te importas 

Tocas toda a tristeza do mundo 

Numa só nota do silêncio profundo 

 

Ó minha guitarra sem cordas

Do teu sonho não acordas

De um belo dia ele regressar 

Só para te voltar a tocar

 

Rita Micaelo Silva 

Novembro de 2022

O passarinho do meu quintal

Estava lá no meu quintal 

À sombra do pessegueiro 

Eram p'raí quatro e tal 

Quando o vi no limoeiro 

 

Daí foi p'ró araçazeiro

E depois p'rá cerejeira 

Nada quis com o loureiro 

Gostou mais d'ameixoeira

 

Naquela tarde de sol

Cheirou lavandas e rosas

Perguntou pelo girassol 

Deixou sardinheiras vaidosas

 

Procurou pelos narcisos 

Gladíolos, prímulas e agapantos

Dos jacintos bebeu água dos vasos 

Sonhou com amores-perfeitos 

 

Admirou flores amarelas 

Trevos de três e quatro folhas 

E outras tantas plantas belas

Impossíveis de fazer escolhas

 

Nos brincos-de-princesa parecia um postal

Não ligou às hortênsias, brincou c’os jarros

Na buganvília e pimenteiro foi diversão total

E ali nem ouvia o barulho dos carros

 

Descansou na linda ginjeira 

Viu insetos e borboletas 

Petiscou na relva rasteira 

Escondeu-se em grutas secretas

 

Era um passarinho pequenino 

Castanho, cheio de formosura 

Tinha olhar doce de menino 

Repleto de mistério e ternura 

 

E no fim da brincadeira, veio tímido 

Perguntei-lhe quem ele era

Disse-me baixinho ao ouvido 

Um amor para a vida inteira  

 

Rita Micaelo Silva 

09/2023

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

"Pessegueiro com gladíolos ("Flor dos Avós") e ginjeira"



"Pessegueiro com gladíolos e ginjeira", 2023,  Rita Micaelo Silva 

Desenho digital a lápis de cera


Na verdade, os gladíolos não se chamam "Flor dos Avós", mas como no meu quintal costumam florir em julho, pus-lhes este nome, uma vez que se celebra o Dia dos Avós a 26 de julho. 

A cena pintada aconteceu há um ou dois anos e não foi fotografada. Contudo, a imagem do gladíolo a espreitar por entre os ramos do pessegueiro, como se fosse uma criança curiosa, nunca mais me saiu da memória, pelo que resolvi passá-la para o papel. 

Tenho certeza de que todos os meus avós adorariam o meu quintal, uma vez que foram eles que despertaram em mim, desde pequena, o amor pela Natureza. Por isso, estas lindas flores são mais um símbolo da sua presença, uma homenagem à sua memória. 

sábado, 10 de junho de 2023

Um bolo à-toa

No fim de semana, a minha mãe resolveu fazer um bolo "à-toa" e o resultado foi bem bom. 

É um bolo simples, ótimo para a hora do chá. 


Ingredientes:

250g de farinha  

250g de açúcar 

4 ovos pequenos 

2 colheres de sopa de manteiga 

Raspa e sumo de uma laranja 

1 iogurte (opcional e, caso não ponha sumo de laranja, pode optar por um iogurte de aromas)  


Preparação:

Numa tigela, bata a manteiga com o açúcar, até obter um creme, ao qual vai juntar os ovos, um a um.  

De seguida envolva a farinha, a raspa e o sumo de laranja, com o preparado. 

Unte a forma com manteiga e deite o preparado. 

Leve ao forno pré-aquecido a 180º, durante 40-50 minutos, coloque papel de alumínio quando o bolo começar a lourar, para não queimar 

Desinforme e deixe arrefecer. 


Este bolo só tem um problema, é impossível resistir a uma segunda ou terceira fatia. Como podem ver, na fotografia, foi quase metade do bolo num só lanche, com duas pessoas apenas. 

domingo, 21 de maio de 2023

Conversa Estrelada


- Olha, uma estrela no chão. Achas bem? 

- Acho. 

- Achas bem estar uma estrela caída no chão?! 

- Acho. Porquê que as estrelas também não hão de ter direito a descer à Terra, de vez em quando?! 


Rita Micaelo Silva 

21/05/2023

sábado, 13 de maio de 2023

O duende Samu e o passarinho Jojo

Era uma vez um duende solitário, que vivia num lindo cogumelo vermelho, bem no meio do bosque encantado.

O duende chamava-se Samu e andava muito triste por não ter com quem passar o Dia do Duende* que se aproximava.

Certo dia, o Samu passeava pela floresta, como sempre gostava de fazer, para apreciar as belezas da Mãe Natureza.

A dada altura, o Samu encontrou um passarinho caído do ninho, a chorar, cheio de medo e fome.

O pequeno duende procurou a mãe pássara por todo o lado, mas ninguém reconheceu o passarinho como seu filhote.

Deste modo, o Samu levou o passarinho consigo para casa, deu-lhe o nome de Jojo e cuidou dele, ainda melhor do que qualquer mãe pássara.

O Samu e o Jojo nunca mais se separaram e viveram aventuras fabulosas, no bosque, onde fizeram muitos amigos, como duendes, fadas, criaturas fantásticas, animais e plantas.

Três dos seus melhores amigos eram a fadinha Teté brincalhona, a adorável fadinha Titi soneca e a linda fadinha Sasá, por quem o Samu tinha um carinho muito especial.


Todos se divertiam, ajudavam e protegiam uns ou outros, pois ninguém conseguia estar feliz, quando alguém ficava triste.

Assim, com o Jojo e os outros amigos, o Samu ganhou uma família fantástica que fazia com que todos os dias fossem Dia do Duende, cheios de amor, paz, magia e muita alegria.



 

Rita Micaelo Silva

11/04/2023




Fotografias de Rita da Cunha Micaelo Silva 


*O Dia do Duende celebra-se a 13 de maio. 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

“O ideal seria que cada pessoa plantasse pelo menos duas árvores, para salvarmos a humanidade.” Sri Jadav Payeng

Apesar de ser reconhecida como a maior ilha fluvial do mundo, Majuli, situada no rio Brahmaputra, na Índia, tem vindo a diminuir devido à erosão.

Todos os anos, os habitantes da ilha enfrentam cheias que os obriga a mudar constantemente de casa.

Apesar dos permanentes esforços para travar a erosão, recorrendo a sacos de areia, prevê-se que dentro de quarenta anos a ilha irá ficar reduzida em 60%, tendo já neste momento, pouco mais de 400 quilómetros quadrados, quando inicialmente tinha 1150 quilómetros quadrados.

Um dos habitantes desta ilha, Sri Jadav Payeng, ativista conhecido por “o plantador de árvores” , dedicou toda a sua vida a plantar a floresta Molai no solo arenoso e diz continuar a fazê-lo, enquanto for capaz, porque considera ser sua obrigação ajudar na reflorestação do mundo.

Jadav Payeng afirma que as raízes das árvores seguram os sedimentos, ajudando a contrariar a erosão da ilha, sobretudo árvores de raízes fundas, como bambu-indiano ou coqueiros. Contudo, Jadav Payeng diz que o problema não é só daquela ilha, é um problema geral, sendo necessário a intervenção dos sete mil milhões de habitantes do planeta e, o ideal que cada pessoa plantasse pelo menos duas árvores, para que seja possível a sobrevivência da humanidade.

Na minha opinião, para além de cada humano plantar duas árvores, como diz Jadav Payeng, ainda mais importante é perseverar árvores, preservar sobretudo as escassas florestas ancestrais e tropicais.

Até porque as florestas plantadas são muito mais vulneráveis e suscetíveis a incêndios, porque a sua arquitetura estilo pombalino (com as árvores todas alinhadas como os soldados numa parada militar), faz com que o sol chegue facilmente ao chão, proporcionando o crescimento de vegetação inflamável e o aquecimento do solo, para além de outras razões, como a plantação de espécies facilmente inflamáveis e o desequilíbrio das cadeias alimentares, já para não falar nos fogos postos, etc.

As florestas ancestrais/tropicais são muito mais densas, sombrias e frescas, com uma organização e funcionamento tão perfeito, que muito raramente sofrem incêndios, sendo estes normalmente de pequenas dimensões.

São as florestas, seja em terra ou nos oceanos, que garantem o equilíbrio e a sobrevivência do planeta. 

A nossa intervenção só as tem prejudicado. 

A natureza já existia muito antes dos humanos, é perfeita e não foi feita para que fosse dominada/manipulada por eles, antes pelo contrário.

A política de plantar três árvores por cada uma abatida é ilusória e economicista, porque a quantidade de oxigénio que uma árvore idosa produz, assim como o dióxido de carbono que absorve, é muitíssimo superior à de três árvores jovens.  Ao abatermos árvores idosas, estamos a libertar astronómicas toneladas de CO2 para a atmosfera, contribuindo fortemente para o aquecimento global, para além de outros graves males.

Por isso, em vez de se destruírem, por minuto, áreas florestais equivalentes a dez campos de futebol, tal como acontece na Amazónia, é urgente pararmos e apostarmos na reflorestação, porque se continuarmos neste ritmo, não teremos condições de vida neste planeta, dentro de muito pouco tempo.

Plantar e preservar árvores é vital, caso contrário não iremos sobreviver.

As árvores devem, sem dúvida, estar no topo da lista das prioridades para salvarmos ao planeta, já em tão mau estado.

As árvores e todas as espécies de seres vivos, pois todos têm um papel importante no funcionamento global do planeta. 

Obrigado, Sri Javad Payeng e a todos os que dão o seu contributo para salvar o que ainda sobra da Terra. 


Rita Micaelo Silva 

Maio, 2023 



segunda-feira, 1 de maio de 2023

Menina de biscuit


Menina que passas na rua

Tão cheia de charme e “belezura”

Lá vais tu sempre na tua 

Irradiando tanta luz e ternura 

O que levas no balde não sei não

Mas olha que me levaste o coração 

 

Menina pareces feita de biscuit 

Os teus olhos verdes e pele branca

Levam-me a sítios onde nunca fui

Graciosamente levas o balde na anca

Onde vais ó menina princesa mais linda

Tem cuidado que te perdes ainda 

 

Menina belíssima, boneca de biscuit

Tão fina e delicada que temo partir

Pois tímido e desajeitado eu sempre fui

E isso nota-se até no meu tonto sorrir   

Não sou nenhum príncipe encantado 

Mas por ti estou completamente fascinado 

 

Menina minha joia de porcelana 

Meu mais precioso tesouro

O meu velho coração, o sacana 

Não sossega, bate mais forte do que um touro 

Ai, como queria ter asas de vento e voar

Só para te conseguir acompanhar 

 

Menina de cachos de ouro

O que tens escondido na floresta 

Algum segredo, mistério ou tesouro

Deixa-me ir contigo, levo-te a cesta

Encho-te o balde de rosas e lavandas 

Faço tudo o que queres, princesa, tu mandas 

 

Rita Micaelo Silva 

1 de maio de 2023 

 

 

 

 

 

terça-feira, 21 de março de 2023

Minhas queridas árvores

Minhas queridas árvores, 

 

Hoje é o Dia Mundial da Árvore. Ou pelo menos é o que dizem os Homens. 

Os mesmos Homens que desde sempre vos trataram como mera matéria-prima, procurando tirar o melhor partido de vós, da vossa madeira, do vosso fruto, ou do vosso bonito aspeto decorativo. De tudo, esquecendo-se do principal, amar-vos enquanto seres vivos e, ainda por cima, os seres vivos que lhes dão o oxigénio para viverem! 

E depois quando se cansam de vocês, simplesmente abatem-vos sem qualquer ressentimento. 

Sim, os mesmos Homens que, todos os dias, abatem hectares e hectares de floresta, destruindo milhões e milhões de vidas. 

Os mesmos Homens que erguem as "bandeiras do ambiente" e que dizem que por cada árvore abatida, plantam três. Como se alguma vida fosse substituível, ainda por cima quando se trata de árvores centenárias ou milenares. Como se isso bastasse para salvar o que quer que seja. 

Os mesmos Homens que apesar dos claros avisos de situação muito grave e quase irreversível, insiste em continuar a tratam-vos com hipocrisia e crueldade. 

E vocês, indefesas, sofrem em silêncio, continuado a dar-lhes aquilo que é indispensável à vida, tal como uma mãe dá tudo a um filho, mesmo que não receba o seu amor.  

Doí-me de cada vez que vejo uma árvore encaixada no betão, na berma das estradas, é como andar de sapatos com muitos números abaixo e, como se não bastasse, ainda têm de respirar a nojenta poluição humana, sobretudo nas cidades, ditas modernas e civilizadas. 

Dói-me ver árvores cortadas só porque não dão jeito ou já não ficam bem naquele sítio. 

Doí-me ver tanto sofrimento e tanta falsidade na forma como os humanos que se dizem donos do mundo e do conhecimento, tratam as políticas ambientais. 

Dói-me ver-vos a morrer e, convosco, tantas outras espécies, dia após dia. 

Dói-me ver os Homens a saber que se continuarem a destruir o ambiente, eles próprios vão extinguir-se e, mesmo assim continuam cegos por dinheiro. 

Dói-me porque vos amo, minhas queridas árvores, sois para mim o maior dos outros tesouros, sois a principal fonte de vida! Sem vós, nós humanos não seremos nada. 

Sinto-me privilegiada por ter um pequeno quintal com algumas árvores, entre várias outras plantas. Cada qual com o seu nome próprio, de acordo com as suas personalidades, pois são seres vivos, e por isso, trato-as com todo o amor que merecem. Amor que elas me devolvem em dobro. Já para não falar no quanto me têm ensinado, quando estou na sua doce companhia!

Só queria que todas as árvores do mundo fossem tratadas com o mesmo respeito e amor com que trato as minhas, pois seríamos todos muito mais saudáveis e felizes. 

Oh minhas queridas árvores, torço para que não seja apenas hoje o Dia Mundial da Árvore, mas sim, todos os dias. 

 

Com amor 

Rita 

21 de março de 2023