domingo, 1 de dezembro de 2024

Descobri o Natal no meu quintal

Partilho convosco o meu último conto publicado, desejando-vos festas felizes, com saúde, paz, amor e respeito por todos os seres da Natureza, porque pertencemos todos à mesma e imensa família. 

O conto “Descobri o Natal no meu quintal” foi selecionado e integra a coletânea “Contos de Natal” – Natal em Palavras”, na página 442 do tomo II do volume 3, editada pela Chiado Books, em novembro de 2024.

E porque o Natal deve acontecer todos os dias e para todos, este conto é uma homenagem ao meu quintal, mas também aos meus antepassados, familiares e amigos que contribuem para que a magia natalícia aconteça diariamente, neste meu pequeno paraíso verde.


Descobri o Natal no meu quintal

 

Era mais uma manhã de Natal... 

Mais um Natal numa sociedade cada vez mais egoísta, consumista, destruidora... 

Um Natal embrulhado em hipocrisia, cada vez mais desprovido de sentimentos... Como se um dia de ilusão bastasse para aliviar o sofrimento do mundo. 

Um Natal cuja magia ficara perdida na inocência da infância, dando lugar ao vazio, à saudade da gente e dos tempos já idos. 

No entanto, nessa manhã invernal, o vento serenou, a chuva parou de bater nas vidraças e o sol iluminou o meu pequeno quintal! 

Aquele quintal, que para mim era imenso, onde todos os dias, a magia acontecia!

Os dias nasciam felizes, naquele quintal, onde eu dançava, com os insetos, a doce melodia dos pássaros e, por fim, deixava-me embalar nos ramos das árvores, enquanto escutava as histórias das pedras.  

Naquele quintal, eu voltava a ser criança! 

Ali, brincava entre as minhas amigas árvores, cada uma com o seu nome: os araçazeiros Gigantes, o Sr. Loureiro, a Princesa Cerejeira, a ameixoeira Frufru, a D.ª Ginjeira, o menino Azevinho, o limoeiro Pirolito e o pessegueiro Grandalhão, para além das outras encantadoras plantas, como roseiras, jarros, sardinheiras, brincos-de-princesa, margaridas, dentes-de-leão e tantas, tantas outras belas.  

Plantas que eu e a minha mãe cuidávamos zelosamente e víamos seguir o seu ciclo de vida, dia após dia, estação após estação. Muitas das plantas eram do quintal dos meus avós, outras foram oferecidas por amigos e familiares, enquanto outras simplesmente nasceram espontaneamente.

Naquele quadradinho de Natureza, cruzavam-se os tempos e, através das recordações, os queridos ausentes voltavam a estar presentes. 

As belezas do meu quintal passaram, então, a fazer parte da minha família, que crescia sempre que uma nova criatura aparecia. 

O quintal era o meu refúgio, onde encontrava a tranquilidade e inspiração para superar os desafios da vida, sobretudo nos momentos mais difíceis. Sim, a Natureza não fala por palavras, fala por gestos e tem tanto para dizer, só é preciso saber ouvi-la com o coração. 

E esse era o presente de Natal que tinha para oferecer a quem quisesse receber: a partilha do meu adorado quintal, repleto de magia. 

Ali, eu envolvia-me no terno abraço da Grande Mãe Natureza, descobrindo, com a sua inquestionável sabedoria, a verdadeira essência da vida, tão simples e, por isso, tão complexa. 

E, assim, no meu quintal, descobri o verdadeiro Natal!  

Porque o verdadeiro Natal é isso mesmo.  É acordar todos os dias, sorrindo, com coração aberto para respeitar todos os seres da Natureza, como uma imensa família, semeando paz e amor. 

 

Rita Micaelo Silva