domingo, 27 de novembro de 2022

Boas Festas!

 


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Os tsurus de Sadako Sasaki

Neste Dia Mundial do Origami deixo a minha humilde homenagem a Sadako Sasaki, a menina de 12 anos, vítima de leucemia por causa da bomba da Hiroshima, em 1945. 

Com fé na antiga lenda japonesa, durante a doença, Sadako dedicou-se a fazer mil tsurus (grous, aves sagradas da cultura japonesa), conseguiu fazer 646 mas a morte levou-a antes de os completar. 

No entanto, os seus amigos de escola fizeram questão, não só de completar os mil tsurus, como angariaram fundos para que fosse erguido um momento escultórico, em sua homenagem, apelando à paz no mundo, para que não hajam mais vítimas inocentes.

Desta forma, o tsuru tornou-se um símbolo da paz no mundo, para além de ser um dos origami mais populares da cultura japonesa, que simboliza sorte, saúde, longevidade e fortuna. 

Inicialmente, os tsurus era elementos decorativos, mas depois passaram a estar associados à oração, estando sempre presente nas comemorações, como casamentos, aniversários, nascimentos, entre outras. 

É também hábito japonês, oferecer tsurus aos amigos e entes querido, desejando-lhes assim, sorte, saúde, longevidade, fortuna e outras coisas positivas para a vida



 


terça-feira, 1 de novembro de 2022

Pintando árvores em tempo de pandemia

Enquanto a humanidade lutava escondida contra um vírus invisível

Lá fora, a Natureza florescia cheia de graça e alegria

Mostrando, com a sua ternura de mãe, que tudo é vencível

Mostrando que depois de qualquer tempestade de novo renascia

Dando-nos amor, dando-nos vida

Mas o Homem sem sentimento

Para ver a sua ganância servida

Não lhe faz qualquer agradecimento

Destrói florestas e mares, destrói a vida de tantos seres

Como se deles não precisasse

Como se fossem coisas sem vida, nem amores

Como se uma sábia árvore de um objeto se tratasse


Por isso pinto árvores, verdadeiras fontes de vida

Símbolo da beleza e da esperança

Torcendo para que o Homem troque

As pedras que lhe enchem o peito e a taça

Por sementes da quais renascerão florestas e bosques

É urgente preservar e plantar árvores

Porque com elas salvaremos com certeza

Com todas as suas formas e cores

A única e insubstituível Grande Mãe Natureza

 

Rita Micaelo Silva

Outubro, 2022



terça-feira, 25 de outubro de 2022

Tobii, controlar o mundo com o olhar

 

A Tobii é uma tecnologia que permite a interação com o computador, utilizando apenas o olhar.


Trata-se de uma tecnologia sueca ainda pouco conhecida em Portugal que, para além ser um brinquedo interessante para os amantes de jogos de computador, é uma ferramenta brilhante para pessoas com mobilidade reduzida que têm dificuldade a interagir com dispositivos físicos como o rato ou teclado, para trabalhar com o computador.

Com esta tecnologia o utilizador com mobilidade reduzida pode desempenhar todas as tarefas que um utilizador comum, sem esforço físico e com muito mais rapidez do que com qualquer outro sistema.

De acordo com a minha experiência pessoal, posso inclusivamente dizer que a Tobii permite uma precisão dificilmente alcançável com os outros dispositivos, graças ao sistema de infravermelhos (um singelo aparelho do tamanho de uma esferográfica, que se prende na margem do monitor com um pequeno íman) que segue o olhar do utilizador. Desta forma, o rato passa a ser o olhar do utilizador, bastando fixar um ponto para fazer clique e usar o teclado virtual para escrever.


Já tinha experimentado outros sistemas de controlo do computador através do olhar, mas recorriam ao uso de uma câmara, o que, para além de terem muito pouca precisão, faziam com que utilizador perdesse o controlo do computador de cada vez que desviasse o olhar do monitor. Daí eu nunca me ter adaptado a nenhum desses sistemas existentes há mais anos.

Com o Tobii o utilizador só calibra o olhar apenas uma vez, no momento da instalação do software, regula as definições de acordo com as suas necessidades específicas e, depois fica sempre pronto a utilizar, podendo desviar o olhar sempre que quiser, sem nunca perder o controlo do computador.

A Tobii permite ainda o controlo ambiental (interação com eletrodomésticos como televisão, telemóvel, estores, etc) e também já vi uma cadeira de rodas elétrica a ser controlada com o olhar.

Resumindo e concluindo, com a Tobii não há limites!

Para quem não sabe, nasci com Paralisia Cerebral, tendo por isso, 97% de incapacidade, o que faz com que tenha de recorrer à tecnologia para poder levar uma vida normal.


Desde 2016 que não uso capacete/ponteiro (companheiro fiel desde os meus oito anos, com o qual fiz todo o meu percurso académico, concluí o mestrado, em 2010 e comecei a trabalhar) para interagir com o computador, faço-o, apenas com o meu olhar (como podem observar no vídeo acima).  

Conheci a Tobii graças ao empenho dos meus colegas do Departamento de Informática da autarquia onde trabalho, que se empenharam de corpo e alma para encontrarem uma ferramenta de trabalho que me permitisse melhorar o desempenho e sobretudo a qualidade de vida, bem como aumentar a possibilidade de trabalhar por mais anos.  

A tecnologia Tobii libertou-me do capacete, que me estava a causar problemas graves na cervical. Deste modo reduzi significativamente as minhas dores no pescoço e cabeça, assim como melhorei muito a minha rapidez de interação e eficácia nas tarefas diárias. Apesar das lesões serem graves e de me causaram muito desconforto, ainda consigo continuar a trabalhar, graças à Tobi.

Aqui ficam algumas pinturas e desenhos digitais, que tenho feito nos tempos livres, com a Tobii.




domingo, 2 de outubro de 2022

A Velhinha das Pombas da Ponte D. Luís

 


Jeremias nasceu na rua das Carquejeiras, no Porto. 

Tal como os outros rapazes, nascidos nas primeiras décadas do século XX, costumava brincar naquela zona, onde avós, mães, tias, subiam a longa e penosa rampa, carregadas de carqueja, para alimentar a cidade, que delas fazia questão de se esquecer, na sua miséria. 

Entre as suas brincadeiras, Jeremias gostava também de observar a paisagem, com alma de poeta. Aliás, esta era a sua alcunha, o "Poeta". Aquela paisagem do deslumbrante rio Douro, recheada de mistério, fascinava-o. 

Mas era a ponte D. Luís, o elemento de eleição do pequeno Jeremias. Não só pela sua imponente beleza, mas sobretudo por causa de um acontecimento que se repetia sempre no mesmo dia, anualmente. 

Desde que se conhecia, Jeremias lembrava-se de ver uma velhinha, que naquele determinado dia, descia, todos os anos, à ponte, onde pendurava uma pequena pomba de papel. 

Jeremias observou várias vezes o ritual da velhinha, de tal forma, que acabou por fixar o dia preciso. 

Por volta dos seus dez anos, o rapazinho resolveu aproximar-se da velhinha, no momento em que ela, com as suas mãos já muito trêmulas, atava na grade da ponte, um cordel que tinha na ponta a pomba branca feita de papel. 

- Desculpe... Porque está a pendurar uma pomba de papel aí? 

Com um terno sorriso, enquanto terminava de dar o nó, a velhinha respondeu ao garoto. 

- Faço isso desde o meu primeiro ano de vida. Nos primeiros anos, vinha pela mão do meu pai, mas conforme fui crescendo, passei a vir sozinha, todos os meus aniversários, pendurar uma pombinha branca, para que esta me realize o desejo, assim que o vento a leve a voar por esses céus imensos.

- Desejo? – perguntou o menino, com o olhar a brilhar de curiosidade. 

- Sim, peço à pomba que me traga uma única coisa, que quem a tiver, tem tudo na vida. 

- O que é? 

- É paz, meu pequeno, paz... − respondeu a velhinha, com uma festa no cabelo desalinhado do Jeremias. 

E assim, a velhinha retomou o caminho de volta ao morro, no seu passo lento e corcovado, apoiada numa tosca bengala, enquanto que o Jeremias, ainda ficou, um bom pedaço, a ver a pomba a baloiçar com o vento. 

No ano seguinte, Jeremias voltou à ponte, onde esperou a velhinha, que viria pendurar a sua pomba branca.

No entanto, as horas passaram e a velhinha não apareceu. 

Jeremias soube então, que a poucos dias de completar o seu centésimo aniversário, a velhinha tinha voado para a sua eterna paz. Faltava uma pomba a para completar o bando, que ao longo de um século, tinham voado, uma a uma, da ponte D. Luís, para se juntarem a algures, na terra dos desejos. 

O pequeno Jeremias não quis deixar o bando incompleto e, nesse dia, amarrou ele próprio uma pomba de papel, na grade da ponte. 

Quando terminou o nó, o menino olhos para o lado e encontrou uma pomba branca verdadeira que, passado instantes, bateu asas e voou em direção ao céu dourado pelo sol, onde se juntou a um numeroso bando. 

Jeremias sorriu e, a partir daquele dia, passou a pendurar, todos os anos, uma pombinha de papel na grade da ponte, continuando a ser assim o ritual da Velhinha das Pombas da Ponte D. Luís. 

 

Rita Micaelo Silva

2020 

sábado, 1 de outubro de 2022

Família Gerberas

 


Lá num cantinho do meu quintal, vive uma simpática família de gerberas.

Idosos que vergam sob o peso da vida, mas continuam belos e com o coração cheio de memórias.

Crianças ávidas das histórias dos idosos cheios de sabedoria.

Adultos que vivem um dia de cada vez, sem pressas, criam memórias, seguem os passos dos mais velhos, tomando-os como faróis das suas vidas.  

Adolescentes que imitam os adultos, correm atrás de sonhos, acreditando poder vir a ser tão bons ou melhores do que os seus antepassados.

E bebés inocentes que só querem o amor e proteção de todos os outros.

E assim, tudo cresce e vive tranquilamente, respeitando o lugar de cada um e aprendendo todos juntos.

Olhando para aquele cantinho do meu quintal, fico a imaginar como seria bom que a civilização humana fosse como a família Gerberas...

 

domingo, 25 de setembro de 2022

Um Take Away para Abelhas, será boa ideia?

 

Geralmente, não costumo comentar nas redes sociais e, muito menos quando se trata de disparates, mas, há dias, li um post, ao qual não resisti em comentar.

Confesso que nunca gostei de redes sociais, que têm contribuído não só para a desinformação, mas também para a preguiça de ler / escrever e isso, contribui para a regressão das funcionalidades do cérebro humano e da capacidade de um pensamento complexo. O que é perigoso, porque um indivíduo incapaz de pensar pela sua própria cabeça é um Indivíduo vulnerável, facilmente manipulável.

Uma sociedade manipulada, como se tem vindo a verificar ao longo da história da humanidade, não tem grande resultado, antes pelo contrário. Por isso, resolvi contrariar essa tendência para a preguiça de pensamento e recomecei a escrever neste meu velho blogue, para quem quiser, pelo menos, fazer algum exercício aos neurónios, através da leitura de mais do que uma ou duas linhas de palavras, que é o máximo que, nos dias de hoje, se consegue ler nas viciantes redes sociais, muitas vezes sem interesse e cheias de erros ortográficos.

Mas, vamos então ao tema desta publicação: Um take away para abelhas.

Daria um título engraçado para um conto infantil, sem dúvida!  Mas não, este foi o título que me foi veio à ideia, ao ler um apelo feito nas redes sociais para que alimentassem as abelhas, durante o inverno, com uma tigela de raspas de maçã e água, para compensar a escassez de alimentos. Pretendiam eles, assim, ajudar a combater a extinção das abelhas. A intenção é boa, mas será que é viável e eficiente?

Ora, se eu fizesse isso no meu quintal, a papa de maçã (porque maçã raspada em água, rapidamente virava papa, para além de oxidar e ganhar bolor) teria vários clientes desde ratos, gatos, pássaros, larvas, entre outros. Ou seja, abelhas provavelmente nem chegariam a tempo de a provar o prato para elas preparado.

Depois há outro pormenor que quem apelou ao take away para  abelhas se esqueceu: as abelhas não dispõem de guarda-chuvas, sobretudos, nem de automóveis para se deslocarem ao take away, nos rigorosos dias de inverno. E também não usam telemóvel para mandar vir a refeição à colmeia.

Ao contrário do que muitos possam pensam, a razão pela qual as abelhas produzem mel, trabalhando arduamente durante todo o verão, não é de todo para satisfazer o desejo do ser humano de barrar o pão com mel, ao pequeno-almoço.

As abelhas produzem mel para satisfazerem as suas próprias necessidades, para as suas subsistências, sobretudo nos meses de inverno, em que os alimentos são mais escassos e as temperaturas são muito baixas, às quais não resistiriam, caso tivessem que andar a voar de um lado para o outro. Até porque também não conseguiriam voar de um lado para outro debaixo de chuva. Logo o mel é suficiente para aguentarem o inverno até à próxima primavera. 

O mel em excesso pode ser dispensado para os seres humanos, mas só o excesso, caso contrário a colmeia dificilmente sobreviverá. Por isso é que os apicultores alimentam as abelhas, durante o inverno, com soluções açucaradas (que não podem ser preparadas com um açúcar qualquer, porque podem causar disenteria), para contrabalançar o fornecimento das colónias e estimular criação das ninhadas  

O metabolismo da abelha está programado para que seja assim e, deste modo, ela pode ter o seu ciclo de normal.

A Natureza é perfeita, nós é que estragamos tudo quando tentámos intervir, mesmo que com boas intenções. Ou seja, a Natureza não foi feita para ser domesticada, manipulada pela humanidade e, insistência do Homem em querer dominar só tem tido mau resultado. Até porque a grande maioria das espécies são muito mais antigas do que a humanidade.

Sobre o assunto recomendo os livros, de Peter Wohlleben.  O livro “A Vida Secreta dos Anima" tem inclusivamente um capítulo dedicado à abelha, explicando como funcionam as colónias de abelhas.  

As abelhas estão preparadas para sobreviver a todas as estações, o problema das abelhas é a destruição dos seus habitats naturais (sem esses as abelhas, nem sempre conseguem recolher mel suficientes para sobreviverem ao inverno)  e os inseticidas. 

Apesar de não ser propriamente entendida em biologia, penso que alimentar abelhas, como se fossem animais domésticos, não faz muito sentido, só as poderá vir, futuramente, a prejudicar, porque alterar o metabolismo do animal, pode levá-lo à morte, tal como li nos livros de Peter Wohlleben, onde está tudo bem explicado, com vários exemplos concretos. 

Se querem ajudar abelhas, não as matem, com medo das picadelas, plantem diversas espécies de flores que floresçam em diferentes épocas do ano, não destruam florestas nem espaços naturais e deixem-nas viver o ciclo da vida em paz. Este é o take away que a abelhas gostam e precisam: espaços naturais com plantas, flores e árvores, bem como água limpa. Reforço, varandas com vasos de plantas floridas, jardins e quintais com flora diversificada, livres de inseticidas e água limpa (água da chuva é ideal), são excelentes take aways para abelhas e insetos polinizadores, entre outros animais.

Tenho várias espécies de abelhas no quintal e nada faço, simplesmente delicio-me a vê-las tranquilas na sua vidinha. A verdade, é que têm aparecido cada vez mais abelhas e outros simpáticos animais, desde aves e insetos, entre os quais lindas borboletas de diversas espécies.

Na minha humilde opinião, pelo que tenho lido e observado, a melhor opção para ajudar as abelhas e a Natureza em geral é deixarmos de quer domesticá-las a nosso bel-prazer, deixarmos que a coisas aconteçam à sua maneira e no seu ritmo.

No entanto, os maravilhosos livros de Peter Wohlleben, ajudam o leitor leigo em biologia, a perceber o perfeito funcionamento da Natureza num todo, de uma forma muito acessível e entusiasmante, fazendo-o refletir sobre como devemos agir para travar a sua destruição.

Quem ler esses livros, dificilmente volta a olhar para a Natureza como mera paisagem, sendo quase impossível não mudar os comportamentos para com esta.

Ilustrações do livro "A Ritinha e os Bichinhos" de Rita Micaelo Silva, 2015


terça-feira, 20 de setembro de 2022

O teu Castelo Amarelo (dedicado ao meu pai João Carlos Fernandes Silva)

Encontrei o teu castelo amarelo 

Junto de fotos e um caracol de cabelo

Que desenhaste ainda menino 

P'rá princesa que viria a caminho 

Lá me esperas desde bem cedinho

Preparando tudo com amor e carinho  

 

Esse teu misterioso castelo 

Desenhado e pintado de amarelo

Que tem duas torres, uma porta

E bem no alto uma bandeira torta

Não consta em nenhum dos atlas

Nem nos mapas dos piratas


Fica num lindo reino encantado 

Onde reina paz e amor por todo o lado 

Há jardins cheios de diversas árvores 

Flores de todas as espécies e cores 

Animais, duendes, fadas fantásticas 

Entre muitas outras criaturas mágicas, 

 

Peripécias sem conta eu já passei 

E outras tantas sei que passarei

Entre derrotas, vitórias e conquistas 

Tormentas e charadas com poucas pistas

Mesmo não sendo perfeita não desistirei de te reencontrar 

Ansiosa por te abraçar, sem nunca mais te largar

 

Não te esqueças do lanchinho de bonecas 

Com leite, docinhos e panquecas 

Para quando eu aí chegar 

Ao teu colo me sentar 

Um pinguinho tomar e histórias escutar

Sem ter mais hora para terminar  

 

Nesse teu castelo amarelo 

Onde tudo é tão incrível e belo

Que desenhaste ainda muito menino 

P'rá princesa que viria a caminho 

Lá me esperas desde bem cedinho

Preparando tudo com amor e carinho 

 

Rita Micaelo Silva 

Junho de 2022 

Desenhos de João Carlos Fernandes Silva (1967/70) 

  

domingo, 4 de setembro de 2022

Eu, as minhas árvores, o "Bambi" e “O Meu Pé de Laranja Lima”

Desde muito pequena que sempre fui apaixonada por histórias e livros. Já li muito, não o quanto gostaria, mas dos livros que mais marcaram foram o “Bambi” de Felix Salten e “O Meu Pé de Laranja Laranja Lima” de José Mauro Vasconcelos.

Dois livros que curiosamente só li, há muito pouco tempo, já em adulta e em fases cinzentas da minha vida.

Mais curioso ainda é o facto de um dos primeiros textos que escrevi, mal aprendi a escrever, foi precisamente um diálogo entre um menino e uma árvore, que ficaram grandes amigos. Lembro-me da minha mãe e da minha avó Teresa comentarem o facto de eu ter escrito aquele diálogo sem nunca ter lido “O Meu Pé de Laranja Lima, que foi um dos meus livros favoritos do meu pai. A verdade é que escrevi o tal diálogo, com oito ou nove anitos e que, agora, com 37 anos, me comporto como o personagem ZéZé que falava a sua árvore como se fosse gente, em vez de um mero objeto decorativo, dando-lhe um nome – Minguinho.

Pois, foi entre o dia 26 e 27 de agosto de 2022, depois de ter visto o título num concurso de cultura geral, que resolvi procurar e ler o livro “O Meu Pé de Laranja Lima” pela primeira vez na vida. É óbvio que sempre ouvi falar desta obra de referência mundial, inclusivamente adaptada para cinema, teatro, etc. No entanto, diziam que era uma história triste e, como quando se é miúdo não gostamos de coisas tristes, nunca me deu para a ler.

Também não gostava muito do Bambi, achava-o extremamente violento e triste para crianças. Não estava muito fora da realidade, porque o Bambi não foi escrito para crianças, mas sim para adultos, sendo um dos livros mais odiados pelo Hitler.

Apesar do Walt Disney ter feito uma adaptação muito fiel ao livro, ainda hoje muito popular no público infantil e não só, não há nada melhor do ler o Bambi original. 

Digo inclusivamente que o “Bambi” e “O Meu Pé de Laranja Lima” deviam ser obras de leitura obrigatória em todo mundo, porque uma fala da vida com um todo e o papel do Homem como parte integrante da Natureza (e não um ser superior a todos os outros), enquanto a outra fala do desenvolvimento do indivíduo dentro de uma sociedade desequilibrada.

Ao ler “O Meu Pé de Laranja Lima “, comecei logo por rever o meu pai na personagem principal, o Zézé, um menino com uma sensibilidade e inteligência fora de série, mas que se sente a pior pessoa do mundo porque estava sempre a ser castigado pela família, pelos mais velhos e até, na sua opinião, por Deus. Um menino de cinco anos a quem, cruelmente, roubaram a inocência e o mundo dos sonhos, mas que mesmo assim, teve sensibilidade para preservar o mundo imaginário do irmão mais novo, tendo consciência da importância disso para o seu desenvolvimento saudável e feliz. Está mais que provado que um indivíduo com uma infância infeliz dificilmente será capaz de encontrar paz interior e de transmiti-la ao outros, mas há quem o consiga. tal como o Zézé. 

Não foi preciso muito para me rever a mim, à minha mãe e tantas outras pessoas na personagem de Zézé.

Porque afinal quem é quem nunca se sentiu injustiçado pela família ou pelo mundo, pela vida?! Quem nunca viu as suas expectativas a irem por água abaixo, por culpa disso ou daquilo? 

Acontece que na maioria das vezes esperamos muito mais dos outros, esquecendo que eles também são humanos como nós, também os seus medos, as suas paranoias, as suas tristezas, os seus sonhos, os seus dias maus e bons. Esquecemos que, tal como nós, os outros também estão aprender sobre a vida e sobre eles mesmos, por isso erram, cometem injustiça, descarregam a raiva e o desespero em quem não tem culpa.

Às vezes até temos consciência de tudo isso, mas é mais fácil atribuir a nossas infelicidades aos outros e inventarmos uma série de desculpas esfarrapadas, em vez de enfrentarmos os nossos fantasmas pelos cornos e darmos cabo deles para sermos felizes.

Deste modo, gera-se um círculo vicioso em que andamos todos às turras uns contra os outros e pouco ou nada evoluímos enquanto comunidade humana, pois em pleno século XXI, continuámos a usar a violência de todas a formas possíveis e inimagináveis.

Estes dois livros mostram exatamente que neste mundo não há vilões nem vítimas, estamos todos no mesmo barco, somos todos meras formiguinhas no imenso universo desconhecido, não sabemos donde viemos, nem para onde vamos e, por isso somos frágeis, inseguros, inconstantes.

Deste modo, tudo será mais fácil quando nos tornamos cooperativos em vez de competitivos. Mas isso só será possível quando cada um de nós encontrar a sua paz interior, a aprender a gostar de si próprio e a respeitar pacientemente o processo de aprendizagem do próximo, o que exige a capacidade de perdoar. Perdoar os outros e a nós próprios, o que é ainda mais difícil, mas, é extremamente recompensador, quando conseguimos. Deste modo aprendemos a gostar de nós próprios e mais facilmente gostamos dos outros. O perdão é a chave para quebrar o círculo vicioso da violência e que nos liberta das amarguras/rancores, terríveis venenos capazes de nos destruir, se desses não nos libertarmos. Por isso, perdoar é, para mim, o mais importante gesto de amor, para com os outros e  sobretudo para connosco próprios. 

Pelo menos foram estas as principais mensagens que tirei destes dois livros que considero obras-primas da literatura pelo incentivo à compreensão, respeito e paz entre todos o seres-vivos da Grande Mãe Natureza.

Recomendo vivamente a leitura do fantástico “Bambi” e “O Meu Pé de Laranja Lima”, até mais do que uma vez, porque descobre-se sempre mais alguma coisa em cada leitura. Há livros que devem ser lidos na altura certa, mas como não sabemos qual é a altura certa, a solução é lê-los mais do que uma vez na vida. Aliás, não sei como nem porquê os livros vêm ter connosco na altura certa, pelo menos comigo tem sido assim.


Rita Micaelo Silva 

setembro, 2022 

domingo, 28 de agosto de 2022

Um inesquecível mergulho nas maravilhas da Curia

Após um período particularmente controverso e doloroso, eu e a minha mãe decidimos fazer uma semana de termas, para recarregar energias.

Fomos então para o Hotel das Termas da Curia.

Nunca tínhamos feito termas e confesso que não estava lá muito entusiasmada, porque tinha uma ideia errada daquilo que são as termas. Pensava encontrar o género de uma clínica onde todos se queixam das suas maleitas, mas afinal é completamente diferente. Ou melhor, é tudo menos isso.

Entrada do Parque e Hotel das Termas da Curia
Mal lá cheguei, deparei-me com um parque encantado, dentro de uma espécie de muralha de castelo, onde se situam as instalações do hotel e das termas, num belíssimo edifício centenário, rodeado de florestas, belos jardins românticos, piscina, parque infantil, um magnífico lago entre outras maravilhas que logo me fizeram sentir em paz, sendo impossível conter o largo sorriso. 

Aliás aquilo que me convenceu a deixar o meu querido quintal por sete dias foi precisamente o magnífico parque cheio de árvores centenárias. O que eu não sabia era que o hotel ficava mesmo dentro do imenso parque.

Caminho verdejante com árvore antiga
A felicidade foi total quando me vi a passear naqueles jardins e florestas maravilhosas, onde não resisti em procurar fadinhas, duendes entre outros seres mágicos. Bem espreitei para dentro dos buracos das centenárias árvores, encontrei inclusivamente um hotel de fadas numa árvore muito velhinha e com forma de mulher, vi libelinhas gigantes, passarada e carpas enormes no lago, mas as fadas e duendes não quiseram aparecer pois, como sabem, são seres muito discretos. Quer dizer, eu não os vi nas suas formas originais, mas conheci uma série de pessoas que são autênticas fadas e duendes, pois fazem tudo para fazer os outros felizes.  

Logo no almoço bufete, bastante diversificado, saboroso e saudável, com excelentes pratos de chef (ainda mais sofisticados ao jantar, mas sempre equilibrados), conheci a imensa variedade de pessoas que frequentam aquele paraíso, desde bebés a idosos, a conviverem harmoniosamente, como se de uma grande família se tratasse.

Sim, não é habitual que haja tanto convívio nos hotéis, aliás eu até nem gosto de hotéis e nunca me senti tão em casa como no Hotel das Termas da Curia.

Lago com peixes e gaivotas e vegetação
Todos sem exceção, desde os donos do hotel, às empregadas da limpeza, aos senhores da manutenção, rececionistas, funcionários do restaurante, bem como muitos dos hóspedes, médicos, funcionários, terapeutas e utentes das termas, não sabiam o que mais haviam de fazer para nos agradar.

Há muito que me sentia tão mimada por desconhecidos, parecia até que era uma princesa, com quem quase todos quiseram meter conversa e trocar contatos. (Para todos um grato abraço)

Desta forma, os “desconhecidos” tornaram-se rapidamente bons amigos que fizeram com que a nossa estadia naquele paraíso, onde reina a doce paz da luxuriante natureza, fosse ainda mais mágica, inesquecível, inspiradora, enriquecedora e, sobretudo, rejuvenescedora.

Para além de relaxar, também aprendi muito, com as pessoas fantásticas que fui conhecendo, cada uma com as suas interessantes histórias.  A primeira inesquecível surpresa aconteceu logo que cheguei ao hotel, quando a querida D.ª Judite, uma senhora de 97 anos, a quem o AVC não lhe levou a música da memória, nos presenteou com lindíssimos acordes de Beethoven e Chopin. A D.ª Judite foi, então, a primeira fadinha que conheci, com os seus lindos olhos azuis, naquele hotel paradisíaco.

Percurso florestal

No entanto, o paraíso entende-se para além da muralha, pois a população do pequeno lugar da Curia é igualmente hospitaleira e calorosa. Não são muitas as pessoas que se veem pelas ruas, bem cuidadas, com boas acessibilidades e sempre, sempre cheias de vegetação, mas o certo é que toda a gente se cumprimenta com um sorriso, mesmo que não se conheçam.

Confirmei então a minha teoria de que os bons ares da natureza fazem com todos vivam mais saudáveis, mais calmamente e, naquele lugar, não há pressas para nada, o tempo passa tranquilamente, ninguém sofre de stress e, talvez por isso, as pessoas sejam mais humanas e afáveis. Viver em sintonia com a natureza é a chave para viver melhor.

Já para não falar do poder das águas termais que, aliado aos vários tratamentos feitos por excelentes profissionais incansavelmente dedicados aos seus utentes, tão bem faz ao corpo e à alma.

Buvette
Os tratamentos nas termas fazem-nos sentir leves como se mergulhássemos em pó-de-fada. Também não será por acaso que passamos por uma gruta fantástica para aceder às instalações das termas! Todos os pormenores são encantadores e a magia da natureza paira por todo o lado. 

Pelo menos eu saí de lá muito mais leve, sem as contraturas que me punham as costas curvadas e doridas. Foram tratamentos intensos, que me deixaram toda partida, mas que agora revelam excelentes resultados. Para além das melhoras físicas, esta estadia fez também com que eu me sinta muito mais relaxada, tranquila, com outra energia para enfrentar os problemas (que anteriormente me pareciam megalómanos) e sobretudo com uma nova esperança na humanidade, graças às lindas “fadas” e “duendes” em figura de gente que lá conheci.

Tão boa foi a experiência na Curia, que a minha mãe até quer ir para lá viver e eu fiquei triste por me vir embora, coisa que nunca aconteceu em férias nenhumas. E o mais engraçado, é que os funcionários do hotel e das termas também se despediram de nós com uma lágrima ao canto do olho, de tão ligados estavam às Ritas.

Nas termas da Curia ganhamos não só saúde física e mental, mas também uma nova família de amigos que nos deram tudo o que há muito precisávamos. Foi como mergulhar num belo mundo encantado, cheio de paz e boa gente. É indubitavelmente uma estadia que recomendo, pelo menos uma vez por ano, para relaxar e repor energia, sozinho ou em família.

Piscina exterior do Hotel das Termas

Gostei de regressar a casa e ver que, no querido quintal, as plantas cresceram e floresceram, mas a vontade de voltar ao paraíso encantado do Hotel das Termas da Curia é mesmo muito grande.

Tanta é a vontade de volta de estar no paraíso, que regressei à Curia, para festejar o meu aniversário, onde fui novamente recebida com muitos mimos e ainda tive direito a bolo e champanhe, completando-se festa, com a ajuda do S. Pedro que nos deu um tempo maravilhoso para banhos de piscina, para além dos deliciosos tratamentos termais

Por isso, envio, aos amigos da Curia, um terno abraço e um até breve.

 

Rita Micaelo Silva

Agosto, 2022


Fotografias de Rita Maria C Micaelo Silva 

O teu lenço branco bordado

Era um lenço branco delicado

Tinha o teu nome bordado

Guardava-o junto ao peito destroçado

Depois de me teres deixado

 

O vento levou-mo de repente da mão

Quis roubar-me mais o pouco de coração

Mas nem um minuto hesitei então 

Em correr atrás do lenço que nunca tocou o chão

 

Percorri toda a fria e triste cidade

Onde ninguém faz nenhuma caridade

Mas corri, corri a toda a velocidade

Atrás do lenço como uma verdadeira preciosidade

 

Então o teu lenço branco bordado

Ficou preso num velho galho entortado

Daquela árvore cuja altura deixa qualquer um atordoado

Mas que trepei até ao topo, mesmo desajeitado

 

Lá em cima da grande árvore adorada

Ao ver a mais bela e clara alvorada

Lembrei-me daquela manhã encantada

Em que te conheci e não quis saber de mais nada

 

Na copa daquela árvore percebi então

Que o teu lenço branco na minha mão

Era só uma pequena e terna recordação

Pois afinal não te perdi, eras o meu mundo, o meu coração


Rita Micaelo Silva 

Agosto, 2022 

terça-feira, 26 de julho de 2022

Avós

 

Aos meus avós (a quem devo muito do que hoje sou)  e a todos os outros, sobretudo àqueles que, por diversas razões, não podem dar o seu amor aos netos e àqueles que temem pela vida dos seus netos que combatem em guerras sem sentido, de quem muitas vezes não têm notícias. 


sexta-feira, 22 de julho de 2022

A minha curiosa família de números

Por hoje ser Dia Mundial do Cérebro, lembrei-me de uma curiosidade que ocorre no meu e que nem eu sei porquê.

Desde que conheço os números, sempre os vi como uma família, ou melhor…  três que se unem numa só.

Passo então a explicar:

O “1, filha do “9” e do “0” e irmã do “8”, é casada com o “2”, filho do “3” e irmão do “4. O “4” é namorada do “5”, filho do “6” e irmão do “7”, que é o melhor amigo do” 8”.

Todos juntos, formam uma companhia de teatro, chamada Matemática, onde, juntamente com outros símbolos, representam infinitas combinações de números e de operações.

Porque que penso assim? Não faço a mínima ideia e também não me preocupo em desvendar o mistério, porque afinal, com fantasia ou sem fantasia, sempre fui boa aluna a matemática.

Sabemos muito pouco sobre o que gira à nossa volta, embora tenhamos a mania de ser os mais inteligentes de todos os seres, quando na verdade nem a nós próprios nos conhecemos.

O cérebro é sem dúvida o maior mistério o Homem, um órgão extraordinário que na minha opinião é muito mal aproveitado, ou seja, é mais utilizado para o mal do que para o bem.

Por isso, deixo-me estar com a minha família de números, que não faz mal a ninguém. 

sábado, 9 de julho de 2022

O real imaginário

Fernando Pessoa escreveu que “As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as reais”. 

Eu acrescento que há lugares, criaturas e pessoas que nunca desaparecem ou morrem, apenas viajam para nosso imaginário. Assim como há lugares e pessoas que viajam para o nosso imaginário, apenas pelo que outros nos contam ou que estão, foram simplesmente imaginadas.

Por exemplo, eu não  cheguei a conhecer o meu bisavô Joaquim e só fiz uma visita à Costeira (casa de família do meu bisavô)  uma única vez,  quando tinha apenas três ou  quatros anos  de  idade,  da qual  não me recordo.  No entanto, cresci sempre com  a  Costeira no meu imaginário, por causa  das histórias que a minha avó Teresa e bisavó Matilde me contavam.

Deste modo, ir à Costeira foi  com uma viagem  no  tempo, onde as  histórias das minhas avós se tornaram realidade e  onde pude recordar memórias que vivi  apenas pelo que  me contavam. Foi uma sensação deliciosamente estranha, pois mesmo sem conhecer as maioria das pessoas, senti-me completamente em casa  e  em família.

Da mesma forma que não consigo deixar de sorrir quando vejo fotografias de familiares antigos (ou até mesmo os objetos pessoais)  que nunca conheci, mas dos quais os meus avós me falavam com tanto afeto. Ou até mesmo as personagens fictícias que fizeram parte da minha infância ou outras que eu própria criei ao longo do meu percurso enquanto criativa. No fundo, é como se existissem na realidade. 

Também já me aconteceu o contrário, ir a sítios que outrora me eram tão familiares e, que depois de um tempo de ausência, senti que aquele sítio não era o mesmo, por exemplo a minha antiga escola, ou a casa dos meus avós. Os sítios podem ser os mesmos, mas não são tal como a nossa memória nos mostra, basta o simples facto de já não estarem habitados pelas mesmas pessoas a quem estávamos habituados.  

Chego então à conclusão de que o que prevalece é aquilo que a nossa memória guarda, sobretudo quando se tratam de memórias felizes. São essas que fazem a nossa própria realidade, a nossa verdadeira identidade e, como diz o meu amigo Paulo Filipe, nós não somos ninguém sem a nossas memórias. 

E quem consegue criar este mundo imaginário, construído com memórias de histórias e experiências vividas, tem sempre um refúgio, um porto seguro, onde ir buscar paz e forças para enfrentar as adversidades da vida. Essas pessoas nunca têm medo de estar só, gostam de momentos a sós consigo próprias, principalmente quando são artistas ou simplesmente criativas.  

Não, essas pessoas (por muitos chamadas lunáticas) não se isolam do mundo, apenas param para assimilarem e interpretarem o que veem a sua volta. Vivem com calma saboreando cada simples momento, sem terem medo que o mundo acabe de um dia para a outro. 

Conheço muitas pessoas que não conseguem estar só, andam sempre de um lado para outro, com uma vida social super intensa e que, no final das contas,  estão sempre insatisfeitas,  infelizes, inquietas, inconstantes, a  tentar estragar a felicidade dos outros, só, porque não conhecem o prazer de ser verdadeiramente livre, de ir mais além daquilo que é físico e efémero, sendo por isso incapazes de compreender quem para elas são as "tristes solitárias". 

Sei que assim que muitos veem, uma "triste solitária", só porque não passo a vida no arejo. Lamento desiludi-los porque, na verdade, sou a "triste" mais feliz do mundo quando estou na minha agradável companhia. 

Para ser sincera, nem sei em que se baseiam para fazerem este tipo de observação, até porque tenho o hábito nem qualquer interesse em publicar a minha vida nas redes sociais, saio quando quero, com quem quero e ninguém tem nada a ver com isso. 

Simplesmente adoro o sossego, a natureza e o silêncio cheio de música e histórias. Preciso disso para criar, fazer aquilo que gosto e viver sem pressa nem confusões. É assim que encontro a minha paz e felicidade

E no entanto, tenho plena consciência da realidade, pois estou sempre atenta ao que se passa à minha volta, ao contrário de muitos acelerados que andam por aí atrás de algo que não sabem o que é, nem onde ou como encontrar. 

   




sexta-feira, 10 de junho de 2022