domingo, 28 de agosto de 2022

O teu lenço branco bordado

Era um lenço branco delicado

Tinha o teu nome bordado

Guardava-o junto ao peito destroçado

Depois de me teres deixado

 

O vento levou-mo de repente da mão

Quis roubar-me mais o pouco de coração

Mas nem um minuto hesitei então 

Em correr atrás do lenço que nunca tocou o chão

 

Percorri toda a fria e triste cidade

Onde ninguém faz nenhuma caridade

Mas corri, corri a toda a velocidade

Atrás do lenço como uma verdadeira preciosidade

 

Então o teu lenço branco bordado

Ficou preso num velho galho entortado

Daquela árvore cuja altura deixa qualquer um atordoado

Mas que trepei até ao topo, mesmo desajeitado

 

Lá em cima da grande árvore adorada

Ao ver a mais bela e clara alvorada

Lembrei-me daquela manhã encantada

Em que te conheci e não quis saber de mais nada

 

Na copa daquela árvore percebi então

Que o teu lenço branco na minha mão

Era só uma pequena e terna recordação

Pois afinal não te perdi, eras o meu mundo, o meu coração


Rita Micaelo Silva 

Agosto, 2022 

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