sábado, 13 de novembro de 2021

O dilema das palhinhas condenadas 


Quem me conhece minimamente, sabe perfeitamente que sou a primeira a defender o ambiente e todos os seres da natureza. Aliás não sou sequer capaz de matar uma formiga. Acontece que eu, tal como todos os seres humanos, também faço parte da natureza e, por isso  necessito de beber para sobreviver e só o consigo fazer através das condenadas palhinhas de plástico.
Como eu,  há muitas outros  seres  humanos com incapacidades motoras, que  só conseguem beber e até alimentar-se por palhinhas. Ou seja, há muitas pessoas que dependem das palhinhas para sobreviverem.
As alternativas que conheço são as palhinhas de papel que se desfazem num minuto na minha boca, ou as palhinhas de alumínio ou de plástico duro que me fazem feridas na boca, para além de se desformarem todas após a lavagem na máquina. Resumindo, nenhumas destas alternativas me permitem beber e ambas vão parar á mesma ao lixo sendo, na minha opinião, ainda menos ecológicas, porque o plástico duro é ainda mais difícil de se degradar e o fabrico de papel exige o abate de árvores. Sei também de umas palhinhas de hóstia, inventadas por um grupo de adolescentes, mas que não são comercializadas. De resto não tenho conhecimento de mais alternativas. Por isso, se existirem outras, agradeço que me digam.
Contudo, eu deito sempre o meu lixo no ecoponto, porque me dizem, desde pequenina, que será reciclado, tratado e transformado noutros produtos.
Desta forma, como é que o lixo vai parar ao mar e tartarugas enfiam palhinhas no nariz? É tão estranho que até parece uma partida de um qualquer ilusionista habilidoso.
Ora, antes de condenarem as palhinhas, não será melhor investigar o  que fazem realmente as empresas de reciclagem de lixo? Não  será melhor proibir a entrada de materiais não biodegradáveis nas praias e a criar pesadas coimas para quem deita o lixo fora do sítio?  E que tal investir no plástico biodegradável que se degrada em cerca de 180 dias após o contacto com  a luz solar, com a água ou com o solo? Substituir o plástico por papel e madeira é solução? Então  faz mal  poluir os oceanos e não  faz mal  destruir as já tão escassas florestas? 
E já agora, para onde acham que vão os stocks de palhinhas que estão a ser retiradas do mercado??? Se souberem, por favor, digam-me, que eu vou lá busca-las.  Prometo não andar a enfiar as palhinhas no nariz das tartarugas e, se for preciso, até as ensino a beber por palhinha.